sábado, 26 de fevereiro de 2011

Entre a cruz e a caldeirinha, aqui estou.



Às vezes você acorda e se pergunta: por que? Por que comigo? Por que agora? Na ausência de uma resposta plausível ou que ao menos lhe conforte, você se refugia, angustiada, em si mesma. Tenta encontrar respostas para aquilo que ninguém consegue explicar ou entender, respostas que talvez somente o destino detenha, e guarde com cautela para que sejam reveladas na hora certa.

Existem coisas na vida que a gente simplesmente não entende, e o não entendimento nos revolta, às vezes. Frustra. Machuca como um punhal que atravessa o peito e te faz sangrar mas que, ao mesmo tempo, te mantém vivo. Te mantém acordado e não te dá alternativas, provando a todo momento que você sangra porque está vivo e precisa sangrar para viver. Sangra e precisa se reerguer. Precisa aprender a se reerguer, haja o que houver. Mas como? Como sobreviver àquilo que nem mesmo você, que sente, consegue entender? À algo sobre o qual você não tem poder?

Uma vez um poeta disse, em alto e bom som: "Imagine uma nova história para a sua vida. Agora, acredite nela e vá em frente!". Como assim, vá em frente? E que papo é esse de nova história? Quem foi que disse que eu quero uma nova história para mim? Uma história diferente daquela que, por vezes, eu planejei redigir no livro de minha vida? É cruel e dolorido o fim inacabado de uma história. Sim, fim inacabado. E é cruel exatamente porque não chegou ao fim, não ao fim que você planejou para si, para a sua história. 

Poxa, dói acreditar em uma história, depositar toda a sua esperança nela e vê-la se esvair no tempo. É inaceitável que tudo aquilo em que você apostou possa se acabar por uma inconstância do destino.  Como decidir entre quem você ama e o que é melhor para você? Como abrir mão do que te faz feliz para deixar quem você ama feliz? Até quando vale a pena suportar a distância, o medo, as tentações, em prol do amor? Se há reciprocidade, por que não o sacrifício?

Às vezes, o pouco que te alegra é muito pouco para alegrar o outro. Às vezes, os riscos que você está disposto a correr por alguém não são os mesmos que esse alguém se dispõe a correr por você. Talvez uma pessoa signifique, para você, a vida. E você é apenas um capítulo na dela. Como entender e digerir tudo isso? Como tomar uma decisão diante de uma barreira dita intransponível? 

Sabe, não há resposta que me convença agora. Nenhum livro, receita ou mandinga que me faça enxergar a melhor solução. Talvez eu devesse deixar a vida passar, e ficar da janela assistindo. Esperando o momento em que a atriz coadjuvante se transforme em personagem principal. Mas e então? E se o autor dessa história imagina uma protagonista magoada no fim das contas? E se ele opta por dar a ela a prova de que o amor verdadeiro vence qualquer barreira? E se? 

A verdade é que o 'se' é vago e não dá certeza a futuro algum. Então talvez o melhor seja abrir o caminho, sair da história alheia e permitir que o outro seja feliz, com ou sem você. Vai ver a felicidade de quem você mais ama não é exatamente estar ao seu lado, e você precisa aceitar isso. Você não tem o direito de privar o mocinho do final feliz. Você não pode se tornar o carma, um peso a se carregar por obrigação, ou por solidariedade. Você não quer ser um vilão na história de amor que o mocinho planejou para ele. E olha, talvez você não faça parte dessa história mais. Talvez o bom e velho destino, autor de nossa jornada, não tenha reservado a vocês dois uma vida juntos. Ou talvez ele esteja somente os colocando a prova, os obrigando a conhecer a força do amor que os une. Vai saber...

Mas não se frustre, não machuque a si próprio na tentativa de entender o destino. Na realidade, o grande autor da sua história é ele. Você talvez escreva alguns capítulos, talvez mude o elenco em algum momento, talvez contrarie o grande autor. Mas no fim das contas, ele vence. O destino vence, porque por trás dele está aquele que é o único a conhecer os segredos de nossa história. Não é atoa que se diz: o futuro, à Deus pertence!


Gabi Roldão.

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