sexta-feira, 27 de maio de 2011

Para quando escorrerem as lágrimas.


Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso, às vezes cruel porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará, quem sabe, para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento, te supreenderás pensando algo como: estou contente outra vez. Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Contidamente, continuamos. E substituímos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse é o nosso jeito de continuar: o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência. Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito também, e talvez até te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor.  Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada - não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - por essa coisa que chamarás com cuidado de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços. Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio.  Então fingirás. Aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça. Tão perdida ficou no tempo (esse) e pensarás no tempo (naquele) e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais, ou tomar um trem para um lugar desconhecido, ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada pra que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa. Já não é tempo de desesperos. Refreias, quase segura as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim: passou, e eu sobrevivi e estou sobrevivendo.

(Vai Passar, por Caio Fernando Abreu)

sábado, 7 de maio de 2011

Eu voltarei pra você todos os dias.




Os amores de verão terminam por varias razões, mas no fundo todos tem uma coisa em comum: são estrelas cadentes, um momento espetacular de luz nos céus, um vislumbre passageiro da eternidade e, num segundo, desaparecem. Ou não.

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O melhor amor é aquele que nos desperta a alma e nos faz querer mais. Aquele que coloca fogo no coração e traz paz à mente. E foi isso que você me deu. Isso é o que o que esperava dar a você para sempre. Porque eu amo você, Al.

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A razão pela qual a despedida nos dói tanto é que nossas almas estão ligadas. Talvez sempre tenham sido e sempre serão. Talvez nós tenhamos vivido mil vidas antes desta e em cada uma delas nós nos encontramos. E talvez a cada vez tenhamos sido forçados a nos separar pelos mesmos motivos. Isso significa que este adeus é ao mesmo tempo um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio do que virá.

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Eu posso ser engraçado se você quiser.. Inteligente, esperto, supersticioso, bravo, um bom dançarino. Eu posso ser o que você quiser. Só me diga o que você quer e eu serei aquilo pra você.



Se, em algum lugar distante no futuro, nós nos virmos, em nossas novas vidas, eu irei sorrir pra você com alegria, e lembrarei de como passamos o verão sob as árvores, aprendendo um com o outro e crescendo no amor. E talvez, por um breve momento, você sinta tudo outra vez também, e irá sorrir, e saborear as recordações que sempre dividiremos. Eu amo você, Allie.

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Não sou nada especial, e disso eu tenho certeza. Sou um homem comum, com pensamentos comuns, e levei uma vida comum. Não há monumentos dedicados a mim e meu nome logo será esquecido... Mas em um aspecto, eu obtive sucesso como ninguém jamais teve. Amei alguém de coração e alma. E isso sempre foi o bastante pra mim.

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 Você acredita que nosso amor é capaz de fazer milagres?
 Claro, é ele que traz você de volta pra mim todos os dias.
Será que nosso amor seria capaz de nos levar juntos?
Nosso amor é capaz de fazer qualquer coisa.



(Diário de Uma Paixão)