sábado, 2 de outubro de 2010

Um furacão de talento e inventividade chamado Maria Gadú.


Há muito tempo não se via uma cantora e compositora de nível como é Maria Gadú. Em meio á tantas bandas sem conteúdo, gente achando que é compositor só porque escreve meia dúzia de palavras e transforma em música (se é que se pode chamar de música), eis que surge um fenômeno. Finalmente, entre tanta pobreza musical, surge alguém com talento que transborda e de qualidade inquestionável.

Aos 22 anos, a paulistana Maria Gadú se viu sair do anonimato rumo ao posto de revelação da MPB, como um novo e genuíno talento. Além da voz inconfundível, a cantora apresenta um repertório praticamente todo composto por ela mesma e surpreende pela poesia de suas letras. Em cinco meses apenas, a estrela surgiu, assinou contrato com a Som Livre e gravou o seu primeiro CD. Na estréia, estavam presentes ninguém mais ninguém menos que Caetano Veloso e Milton Nascimento, além de uma penca de outros artistas e críticos conceituados da música nacional.

O público em geral compartilha de um mesmo sentimento. Todos sabem estar diante de uma cantora e compositora de peso. Frente aos trabalhos de Maria, fica difícil estabelecer comparações. Trata-se de uma artista única, um fenômeno singular.  

Me lembro bem da primeira vez que ouvi sua voz. Foi na minissérie Maysa, cantando Ne Me Quitte Pas em um formato inovador. Lembro que fiquei me perguntando de onde veio aquela voz rouca e impressionante que, apesar de aparentar maturidade musical, parecia ser de uma garota bem jovem. No mesmo dia busquei pela internet o nome da dona daquela voz e logo de cara me tornei uma fã. Quem ainda não conhece DEVE procurar as músicas e ouvir. Tenho certeza que também se tornarão fãns.

A princípio, quem ouve a voz de Maria Gadú faz alusões inevitáveis à outro fenômeno que marcou a música brasileira, a eterna Cássia Éller. As vozes realmente apresentam certa semelhança, mas Maria está longe de ser uma cópia de Cássia. Ao contrário, Maria Gadú é uma nova face do que Cássia Éller representou. A voz rouca e intensa divide espaço com uma delicadeza incomum. Ao ser comparada, comentou: "Adoro a Cássia Eller, mas não sou a reencarnação dela, até porque quando ela faleceu eu já estava viva (risos). Eu a acho simpática e insubstituível. Não tem essa de ser a nova Cássia Eller. Ninguém é o novo ninguém, só ela poderia se renovar, como fez ao longo de toda a carreira. Foi uma perda muito grande a nós e aos nossos ouvidos. Sempre gostei e ouvi muito, e ouço sempre." E não me resta nada a declarar depois disto.  

                


Além de compor boa parte das músicas que canta, Maria Gadú regravou canções de grandes compositores e também algumas que surgiram na voz de cantores, digamos, um tanto quanto desprovidos de talento para a música. De tão surpreendente que é, Maria conseguiu transformar letras como a de Baba Baby, originalmente gravada por Kelly Key (¬¬'), em uma canção de verdade. Mesmo que a letra continue uma verdadeira agressão aos ouvidos, a regravação trouxe ao menos musicalidade para tal. E até que ficou legal, ousado e de bom gosto. A Kelly deveria agradecer à Gadú por isto.

Pra quem tiver interesse em conhecer, segue a lista de músicas que compõe o CD da jovem revelação, lançado no fim de 2009. O disco, homólogo da cantora, tem boa parte das músicas compostas por ela e é simplismente incrível.

 



1- Bela Flor
2- Altar Particular
3- Dona Cila
4- Shimbalaiê
5- Escudos
6- Ne Me Quitte Pas
7- Tudo Diferente
8- Laranja
9- Lounge
10- Linda Rosa
11- Encontro
12- A História de Lili Braun
13- Baba



Bem, fico por aqui com uma frase da cantora que está presente em minha música preferida do álbum, Encontro.



"Deixe estar, que o que for pra ser vigora." (Maria Gadú)



Gabi Roldão.

Um comentário:

  1. Amooo essa música. Também é minha preferida. Gabi, verdadeira crítica musical! =)
    Linda, linda. :*

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